quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Indústria da Proteção

Durante estes anos na indústria de blindagem, cheguei a dar várias entrevistas sobre o assunto, tanto no Brasil como em outros países. E fatalmente um repórter me saía com essa: “Como você se sente lucrando com a violência?”

A interpretação é que nós, as empresas de blindagem, assim como as empresas de vigilantes, proteção executiva e etc fazemos parte da INDÚSTRIA DA VIOLÊNCIA.

Mais uma vez, permitam-me discordar.

A violência infelizmente está aí. Ela existe. É inerente ao ser humano. O que varia é o nível e a freqüência em que atos violentos ocorrem. Na Suiça, de vez em quando a gente ouve de um ou outro maluco que entra numa escola ou centro comercial e esfaqueia alguém. Aqui no Brasil, 100 pessoas morrem por dia vítimas da violência. E não é “privilégio” nosso não. Todos os grandes centros urbanos de países em desenvolvimento sofrem com o problema. Dados da ONU indicam que morrem no mundo 2000 pessoas por dia vítimas de armas de fogo. Deste total apenas 35% tiveram origem em conflitos armados de cunho político. A maioria é de civis, que tentavam levar suas vidas em áreas de risco.

Assim como a família da notícia abaixo, veiculada pelo Terra.

Eu fico muito triste de ler este tipo de notícia. Não triste “comercialmente”, mas humanamente. Esta família teve muita sorte e sobreviveram – mas se o carro fosse blindado, o problema teria sido evitado. Eu gosto muito de pensar que estou na INDÚSTRIA DA PROTEÇÃO. Que o serviço que fazemos salva vidas. A responsabilidade de controlar a violência é do poder público, da sociedade. A gente aparece pra atender uma necessidade que está aí, ela existe.

Desta vez, a sorte ajudou. Nem sempre se pode contar com ela.

Quem puder, blinde seu carro.

SP: menina de 20 dias sobrevive a capotamento após assalto
25 de agosto de 2010 09h52 atualizado às 09h56

Uma menina de apenas 20 dias e a mãe dela sobreviveram sem ferimentos a um acidente de trânsito em que o pai, baleado em tentativa de assalto, capotou o carro na zona norte de São Paulo. O acidente ocorreu quando o motorista tentou fugir de dois assaltantes, que atiraram no carro da família. As informações são do Bom Dia São Paulo.

O casal saía para entregar lanches no bairro Jaçanã quando foi surpreendido pelos suspeitos. O motorista se apavorou, deu um tranco no veículo e escutou cerca de seis a sete disparou na direção do carro. Desses disparou, três acertaram as costas dele. Mesmo baleado, o comerciante de 40 anos continuou a dirigir e, na altura da ponte Aricanduva, também zona norte, perdeu o controle da direção, invadiu o canteiro central e, segundo a polícia, capotou duas ou três vezes antes de bater em uma árvore. Do banco de trás, a menina foi arremessada pela janela e encontrada a cerca de 20 m do carro sem nenhum arranhão. O motorista foi levado para um pronto-socorro, passou por cirurgia, mas tem quadro estável. Assim como a menina, a mãe também já recebeu alta. Os dois assaltantes fugiram e, até por volta das 9h50, não haviam sido identificados.

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Redação Terra

Um comentário:

  1. Bem colocado, caso a situação de nosso país em relação a violencia fosse diferente, provavelmente estaríamos fazendo alguma outra coisa. Mas não adianta tapar o sol com a peneira, blindagem do veículo virou necessidade urbana se puder blinde seu carro.....

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